O que eu vi em "Razão e sensibilidade" de Jane Austen
O aprendizado da sensatez
Ao concluir a leitura deste clássico de Jane Austen, uma parte de mim sentiu saudades da família Dashwood, mas a outra só conseguia pensar: “Preciso ser mais Elinor e menos Marianne.”
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Apesar de seus méritos, no
entanto, Marianne é o oposto da sensatez, quando se trata do amor romântico ou
até mesmo no respeito e consideração pelo próximo. Para ela, toda ideia que destoa
das suas está errada, afinal de contas os romances que lê asseguram o seu
posicionamento. Como consequência, a pobre garota mimada e sentimental caminha para
a sua própria perdição, inclusive às portas do túmulo. Por conta da sua falta
de domínio próprio, envolve-se rapidamente com um rapaz que
mal conhece, entrega seu coração sem ele nem mesmo pedir, fica amargurada e em
convalescência por se decepcionar com o bonitão (que na verdade é um canalha), descuida da sua saúde e quase morre.
E Elinor? Bem, Elinor é minha
personagem favorita dessa história. Uma mulher madura, e não falo somente de
idade, mas de suas virtudes. Comprometida com a sensatez, a personagem
representa o equilíbrio entre razão e sensibilidade. Apesar das acusações da
irmã de que Elinor não tinha sentimentos, ela os tinha sim, e muito fortes. Ela
sentia com intensidade, especialmente seu amor pelo querido Edward Ferrars, um
amigo que se tornou o seu amado; o sentimento foi recíproco. Gostaria se ser
amiga desse casal, pessoas gentis e de puros sentimentos, honrados, sem
conversas vãs ou torpes.
Essa irmã sensata é o retrato do domínio próprio. Seu autocontrole, mesmo diante de humilhações e desgostos, é admirável. Vou colocar aqui alguns trechos do livro que a descrevem:
"Elinor tinha um coração excelente. Sua disposição era sempre afetuosa e seus sentimentos eram fortes, mas ela sabia como governá-los.”
"Por alguns instantes Elinor quase se deixou vencer – seu coração quase parou em seu peito, e ela mal conseguiu se manter de pé; mas um esforço era indispensavelmente necessário; e ela combateu tão resolutamente a opressão de seus sentimentos que seu sucesso foi rápido e, naquela situação, completo.”